sexta-feira, 19 de abril de 2013

Capítulo 3: Revelação

Início
Capítulo Anterior

PRÓLOGO DO CAPÍTULO 3

Como um fantasma
Eu estive sempre aqui
Você não viu
Você nunca vê nada

E não entende
Como nunca entendeu nada
De tudo que te disse

Eu estava perdida
Jamais disse que estava certa
No silêncio de cada noite
Implorei por ajuda
E você não me ouviu

Agora é tarde
A noite é escura e fria
Você foi embora
E como um fantasma
Continuo aqui perdida

CAPÍTULO 3

Pensar na vida que poderia ter sido e não foi é uma forma prática e eficiente de, mesmo que só por alguns instantes, es esquecer da vida que foi e você não queria. Mas existe uma outra forma, menos convencional, mas talvez mais eficiente.

Tenho percebido cada vez mais gente que fala de si e da própria vida na terceira pessoa. Para que dizer "eu fiz", quando se pode dizer "Fulano fez", mesmo que Fulano seja a própria pessoa que vos fala. Esta artimanha é particularmente interessante, porque além de "tirar o poso das costas", ainda passa a falsa sensação de neutralidade.

Reza a lenda, que quem olha de fora sempre vê com mais clareza. E se você pudesse ver sua vida de uma nova perspectiva? Mas quanta bobagem! Esta é uma das coisas mais crueis davida: não importa para onde voce vá, sempre se levará na bagagem. E mesmo que você bata a cabeça e perca todas as suas lembranças, muita coisa se protege por estar escondida embaixo do tapete. E suas atitudes continuarão sendo reflexo de tudo aquilo que você viveu, mesmo o que já foi esquecido.

Ah! Sophia, Sophia... Inspirada por Fernando Pessoas, não havia um só mendigo que não invejasse, simplesmente por não ser ela... Simplesmente por não ser eu.

Caro leitor, como eu queria viver em uma mentira, ne qual tudo isso não passasse de ficção, e mesmo que fosse real, daria tudo para ser a realidade de outra pessoa. Às vezes nos afastamos de nossas vidas, colocamos uma máscara de ferro. Assim, se alguém nos confronta com um espelho, não nos vemos refletidos lá. "O que os olhos não vêem, o coração não sente", mas a máscara aperta e dói, e sentimos mesmo assim. No desespero, arrancamos a máscara e a jogamos longe, então nos deparamos com aquele ser deformado.

Queria que houvesse algum deus, para quem eu pudesse perguntar "quando eu me tornei um monstro? Por quê? Por quê?", mas por mais que pergunte, ninguém me responde. Com ou sem máscara, não me reconheço mais.

O que me resta? Recontar eternamente para mim mesma esta história, procurar todos os pontos de vista. Esperando que em algum eco eu encontre minha resposta.

Nunca encontrei. Então contarei novamente, mas agora, espero que alguém me ouça, que me olhe o rosto sem a máscara e não sinta horror.

Você já sabe o começo e o final: um dia, Sophia queria se apaixonar, no outro, ela percebeu que era tarde demais. Mas entre um dia e outro, mais de um ano se passou...

Capítulo 4




Nenhum comentário:

Postar um comentário